Que vergonha tenho de vós, colegas!

Que exemplo pode dar aos seus alunos um professor que se cala, que se agacha e obedece tremendo? Que valor transmite aos seus educandos um professor que trai uma greve realizada em defesa da sua própria sobrevivência, da dos colegas, e do direito dos alunos à boa educação pública, que lhe cabe defender como um pai defende um filho do mal, mesmo contra sua vontade? Como poderá ele educar outros para a cidadania, competência transversal a todas as disciplinas? Que moral lhe resta para exortar os seus alunos à perseverança por um ideal justo, à construção de uma sociedade desenvolvida ao nível dos valores humanos? Nomeará Ghandi ou Mandela como ficções? Que cidadãos são estes professores? E que pais serão?
Que vergonha tenho de quem espera que rolem cabeças alheias, para que a sua se mantenha intacta, mas beneficiada pelos que se sacrificaram no ritual da ação!
Eu não espero nada dos nossos patrões, mas de vós, colegas, por cujos direitos eu me hei-de arranhar até à carne, para que deles beneficiem sem ter descontado um duodécimo, mesmo que se tenham agachado, mesmo que tenham sido vis e traidores, que vergonha tenho de vós! Como conseguem, ao final do dia, olhar os vossos filhos nos olhos? Que terrível legado de cobardia e humilhação lhes deixam! 

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